No PÚBLICO de hoje:
«Fim do Gabinete Técnico Local levanta críticas em Guimarões
27.01.2008, Samuel Silva
Alexandra Gesta abandonou direcção do organismo. Oposição fala em perda de autonomia. Autarquia diz que reabilitação urbana sai reforçada
A extinção do Gabinete Técnico Local (GTL) de Guimarões, responsável pela requalificação urbana do centro histórico da cidade, trabalho liderado pela arquitecta Alexandra Gesta e reconhecido com o tÃtulo de Património da Humanidade, atrinuÃdo pela UNESCO em 2001, está a motivar críticas entre os vimaranenses. São várias as vozes que não aceitam de bom grado o fim da estrutura pioneira na reabilitação urbana em Portugal.
O GTL tornou-se uma Divisão (DGTL) do recém-criado Departamento de Projectos e Planeamento UrbanÃstico, no âmbito de uma alteração da estrutura orgânica da Câmara de Guimarões, aprovada em Novembro com os votos favoráveis de PS e PSD. O DGTL não vai ser liderado por Alexandra Gesta, até aqui o principal rosto do gabinete de projecto de Guimarões. A arquitecta abandonou a estrutura, alegando razões pessoais, ainda antes desta reformulação.
Maria do Céu Martins, presidente da associação de defesa do património Muralha, entende que o novo modelo se configura como uma “subordinação injustificável e impensável” do GTL, afirmando que “não faz sentido convertê-lo numa mera divisão camarária”.
Maria Manuel Oliveira, professora de Arquitectura na Universidade do Minho, considera que o gabinete foi “essencial e estruturante” para Guimarões e não tem dúvidas que “devia manter as mesmas caracterÃsticas”. A professora destaca o papel de Alexandra Gesta, “personagem central de todo o processo”, e considera que a sua saÃda “é uma perda”.
As críticas estendem-se aos partidos políticos locais. Ana Amélia Guimarões, vereadora da CDU, questionou na última reunião da câmara o executivo sobre a ausência de um parecer do GTL sobre a requalificação projectada para o Largo do Toural. A vereadora comunista “estranha a perda de autonomia” do gabinete. Rui VÃtor Costa, vereador do PSD, considera também que o gabinete deve “manter a sua autonomia”, porque “corre o risco de ser burocratizado”. O autarca social-democrata diz-se mesmo arrependido de ter votado favoravelmente a alteração orgânica da autarquia: “Votámos a reestruturação sem termos analisado esta incidência particular”.
O presidente da Câmara de Guimarões, António Magalhões, está “espantado com a efervescência” em torno da mudança orgânica, até porque o processo foi aprovado por uma “larga maioria” camarária. E acredita que o GTL “não perde autonomia” e até ganha “maior coordenação” com os restantes serviços municipais, ao assumir o estatuto de divisão. Magalhões adiantou ainda que o cargo de Alexandra Gesta se vai manter vazio, esperando que a arquitecta possa reconsiderar a sua decisão.
O GTL foi criado em 1985. Desde a sua fundação, o gabinete esteve na dependência directa do presidente da câmara, mas há dois anos tinha passado para o âmbito da vereação do Urbanismo. No último trimestre do ano passado, a sede da estrutura tinha deixado a Casa da Rua Nova, recuperada por Fernando Távora, tendo mudado as instalações para o edifício da câmara municipal. »
Algo aqui não bate certo: se o GTL obteve resultados muito positivos (alguém imagina o que seria hoje Gumarões sem a intervenção desta equipa?) e se estava a funcionar bem, para quê alterar? A não ser que a autonomia e independência incomodasse alguém… Quanto à arq. Alexandra Gesta espero que volte quanto antes ao activo. Infelizmente, em termos de reabilitação urbana, ainda há muito – quase tudo – para se fazer por este paÃs fora. Se justiça houvesse, a lÃder do processo de reabilitação de Guimarões, seria promovida. Os centros históricos de Porto e de Lisboa precisam de alguém assim. [PS: Boa pergunta!]
[Fonte da foto: www.cm-guimaraes.pt]